Investigado pelo caso das joias da Arábia Saudita, por certo envolvimento nos ataques golpistas de 8 de Janeiro e respondendo a ações na Justiça Eleitoral que podem torná-lo inelegível, além de outros processos na 1ª Instância, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou-se alvo de um novo inquérito em 3 de maio de 2023, numa investigação que apura a inserção de dados falsos nos cartões de vacinação contra a covid-19 homologados nos sistemas do Ministério da Saúde.
O caso faz parte do inquérito das milícias digitais que corre no STF (Supremo Tribunal Federal) sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes que apura se o ex-presidente adulterou seu cartão de vacinação e da filha Laura, de 12 anos, antes de embarcarem para os Estados Unidos, no final de dezembro de 2022.
Os EUA exigiam o comprovante de imunização contra a covid para a entrada no país, mas Bolsonaro diz nunca ter se vacinado.
OPERAÇÃO
A operação Venire da PF (Polícia Federal) esteve na residência de Bolsonaro no Jardim Botânico, em Brasília, e apreendeu o celular do ex-presidente. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, também foi preso e levado à sede da PF. Outras 14 pessoas foram alvo da operação, incluindo assessores e seguranças do ex-presidente, no Rio de Janeiro e na capital federal.
Ao todo, 6 pessoas foram presas. Em nota, a corporação informou que as alterações nos cartões foram emitidas de novembro de 2021 a dezembro de 2022 e tiveram como consequência a “alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários.
VERSÃO DE BOLSONARO
Ao sair de sua casa em Brasília após a operação o ex-presidente voltou a negar que tenha se vacinado contra a covid. Ele disse nunca ter sido obrigado a apresentar um comprovante de imunização em viagens ao exterior, inclusive na ida aos Estados Unidos.
Para a viagem, ele solicitou visto diplomático, dado em caráter especial a chefes de Estado e autoridades, e chegou aos EUA antes de deixar a Presidência, em 30 de dezembro. “Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Não existe. Eu não tomo a vacina e ponto final. Nunca neguei isso. Havia gente que me pressionava para tomar a vacina. Sim, natural. Decidi não tomar porque li a ‘bula’ da Pfizer”, disse Bolsonaro.
Em depoimento à Polícia Federal, Bolsonaro afirmou que o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, que continua preso, agiu sem sua anuência. Resta saber que a versão será dada pelo tenente-coronel Mauro Cid, se assumirá a culpa sozinho ou se partirá para uma delação premiada. É esperar para ver.