MEC vai retirar dinheiro de áreas humanas

Tão logo recuperou a senha do seu twitter (confiscada por Carluxo) o Presidente Jair Bolsonaro afirmou na sexta-feira (26) que o governo deve “descentralizar”, ou seja, retirar recursos das áreas de humanas, como filosofia e sociologia, em universidades. Segundo ele, o objetivo é “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”, como Veterinária, Engenharia e Medicina.

Em um segundo post, justificando a medida, o presidente afirmou que “a função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”.

Menos recursos para áreas humanas

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Educação Abraham Weintraub já havia criticado investimentos em áreas humanas, afirmando que o filho de um agricultor deveria estudar áreas como Veterinária e Medicina, em vez de Antropologia. “Precisamos escolher melhor nossas prioridades porque nossos recursos são escassos. Não sou contra estudar filosofia, gosto de estudar filosofia. Mas imagina uma família de agricultores que o filho entrou na faculdade e, quatro anos depois, volta com título de antropólogo?”

Uma das bandeiras de Weintraub é combater o chamado “marxismo cultural” nas universidades, supostamente produzido nos cursos de áreas humanas.

Associações de cursos da área de ciências sociais manifestaram-se, contra a intenção do presidente Jair Bolsonaro de retirar  o investimento das faculdades de filosofia e sociologia e realocar o dinheiro em áreas como medicina e engenharia.

O Portal Poder 360 reproduziu a nota que crítica a decisão do Presidente: “Trata-se de demonstração do mais completo desconhecimento sobre ciência e sobre a produção do conhecimento científico. É tão equivocado e enganoso avaliar as diferentes disciplinas e a reflexão filosófica pela sua aplicabilidade imediata quanto desconhecer a importância histórica das ciências sociais e das ciências sociais aplicadas no desenvolvimento de diferentes tecnologias voltadas à resolução de graves problemas da sociedade “.

A nota é assinada por: ABA (Associação Brasileira de Antropologia), SBS (Sociedade Brasileira de Sociologia) e Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais).

Outro crítico do anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de descentralizar os recursos da Educação voltados para faculdades de filosofia e sociologia, da área de humanas, foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Confira o twitter do tucano.

Também manifestou-se nas Redes Sociais, em sua conta no FB, o professor e filósofo, Oswaldo Della Giustina, que em 1972, implantou o curso de Filosofia na UNISUL, Universidade de Santa Catarina:

“A ignorância continua no anuncio do ministro da educação e, por consequência ,no post do presidente que, se imagina, tenha nele seu assessor e formulador de políticas educacionais.
O agravante também nesse doloroso diagnóstico é a confirmação de conceitos que demonstram sequer o conhecimento mínimo do que é Universidade, que confundem com o SENAI ou o SENAC ,só que em outro nível, fábrica de profissionais de nível superior para o mercado de trabalho cativo: mecânicos, engenheiros, programadores de computação, e até médicos(o até digo porque tratam de pessoas, essa coisa sem importância,).
Também não importa a formação cultural, pessoal ,o compromisso ético e social ,a cidadania, essas coisas inúteis das inúteis ciências humanas e sociais ,que não merecem financiamento público, porque gente não tem importância, ao contrário, até estorva.
Universidade não tem que se envolver nisto, ela tem que servir ao mercado.
Essa história de produzir e desenvolver a ciência, especialmente ciências humanas e sociais e formar gente, não é sua função, que a sociedade brasileira não precisa de cientista sociais e de filósofos, até porque nós mesmos entendemos da filosofia do técnico do Flamengo e da ciência do Google, como da cultura americana ou da ciência oferecida pelos sistemas globais, não precisamos disto.
Afinal a sociedade, as pessoas, são coisas simples, como na idade média, e não precisam do luxo das universidades, que tem que formar mão de obra para o mercado,
Sidarta Gautama, Sócrates e Aristóteles, Jesus Cristo ,a civilização e a cultura, que se lixem, o Brasil, não precisa nem deles nem delas, nem de filosofia, nem de ética… O Brasil precisa de robôs, ainda que sob a forma humana. O resto é lixo. Temo, meus queridos, pelo futuro do Brasil”, concluiu o professor.