Racismo, eterna chaga na cultura brasileira

O comércio de escravos é um episódio da história do Brasil que deveria envergonhar todos. Como consequência da escravidão, o racismo parece enraizado na cultura de certos brasileiros. O caso mais recente é o da autoproclamada socialite, de alcunha duvidosa: Day McCarthy, que atacou pelas redes sociais Titi, uma criança negra de quatro anos, filha do casal de atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank.

Desde a Grécia antiga grandes filósofos defenderam o trabalho escravo, a compra e a venda de mercadoria humana. Até o filósofo Platão não apenas defendeu a existência de escravos, como propôs leis duríssimas para enquadra-los. E para o seu discípulo Aristóteles, a escravidão era tão natural quanto necessária para a boa ordem do mundo.

A escravidão também foi defendida pela Santa Igreja Católica. Para São Isidoro de Sevilha, a escravidão tinha origem divina e se destinava a resgatar o cativo da sua perversidade genética. Já santo Agostinho, dizia que a escravidão é consequência do pecado. E o seu colega, Santo Tomas de Aquino, não deixou por menos. Para ele a escravidão, embora dolorosa, é útil e necessária aos propósitos da natureza.

Depois, no século XVI, Martinho Lutero, o pai da Reforma Protestante, afirmou que o reino deste mundo não se sustentaria sem homens livres e escravos.

O escritor Alberto da Costa e Silva, no livro A Manilha e o Libambo, explica como o racismo foi perpetuado na cultura ocidental. Durante a Idade Média os negros eram descritos como demônios, íncubos, os agentes do mal. Segundo o autor, desde muito cedo na cultura europeia, a cor negra indicava impureza, maldade e perversão, enquanto o branco era associado à pureza e à inocência.

Costa e Silva explica que ao terminar o século XVII, de tal forma já havia avançado o processo de desumanização ideológica do homem negro, que alguns autores o consideravam um ser nem bem animal nem humano. Não faltou quem afirmasse que o negro não tinha alma.

Recentemente, o jurista Ives Gandra Martins afirmou sentir-se discriminado por ser branco, honesto, professor, advogado, contribuinte, eleitor e heterossexual, numa clara critica a legislação que protege minorias submetidas a preconceitos.

Gandra Martins faz a reclamação esvaziada de quem nasceu com todos seus direitos garantidos, e como branco nunca enfrentou a crueldade do preconceito racial que Titi enfrenta.

Fez bem Bruno Gagliasso em denunciar a brasileira racista que usou o Instagran para chamar de macaca a filha do ator.  Titi veio do Malawi, um país da África e foi adotada em 2016 pelo casal de atores.

A socialite deverá responder à Justiça por três crimes: injúria racial, difamação e injúria. A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu inquérito para investigar o caso.

Infelizmente no Brasil, todos os dias milhares de “Titis” anônimas são vitimas de segregação, sem ter um pai branco e famoso que as defenda. Bem diferente do caso do jurista branco, que esperneia para manter seus privilégios, Titi quer apenas respeito.

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