Do Hino Nacional ao estadista Stroessner

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez voltou atrás em relação ao pedido de que professores e alunos cantem o Hino Nacional e sejam filmados nas escolas no 1º dia do ano letivo.

Segundo determinação do ministro, a filmagem deveria ser feita após a leitura da seguinte mensagem: “Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”

O recuo de Vélez Rodrigues aconteceu na terça-feira (26/02) depois de intensa repercussão nas redes sociais, com críticas de educadores, juristas e opositores ao governo.

A principal crítica, além da utilização de imagens de crianças sem autorização dos pais foi o uso do slogan da campanha eleitoral de 2018 do Presidente Jair Bolsonaro: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

No novo e-mail enviado às escolas ainda permanece com o pedido para que 1 representante da instituição filme o ato, no entanto, afirma que “a gravação deve ser precedida de autorização legal da pessoa filmada ou de seu responsável”. Também foi retirado o slogan da campanha.

O PT e o Psol entraram, com representação na Procuradoria Geral da República (PGR) argumentando que o pedido do ministro é um ato “ilegal e lesivo à moralidade pública e, em tese, tipificador de improbidade administrativa e crime de responsabilidade”.

Confira a íntegra da representação.Representação-Ministro-da-Educação_carta.slogan

Na mesma terça-feira do recuo do ministro da Educação a admiração por regimes militares pelo novo governo, ficou explicita mais uma vez, pelo presidente Jair Bolsonaro, em cerimônia de posse do novo diretor-geral da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu.

Em discurso, o presidente Bolsonaro atribuiu a atuação de presidentes do período da ditadura militar (1964-1985) o mérito pela construção da Hidrelétrica.

Ao lado do constrangido presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, Bolsonaro destacou as qualidades do ditador Alfredo Stroessner, a quem chamou de estadista.

Stroessner (1912-2006) governou o Paraguai por 35 anos, de 1954 a 1989. Um governo marcado por acusações de corrupção e autoritarismo.O general também abrigou em seu país refugiados nazistas, entre eles, o médico Josef Mengele.

De acordo com relatório da Comissão da Verdade e Justiça paraguaia, durante a ditadura de Stroessner mais de 18 mil opositores ao regime foram torturados e 3 mil 470 exilados.

Estima-se que mais de 3 mil pessoas tenham sido assassinadas e o número de presos por perseguição política passou de 150 mil.

Exilado no Brasil, depois de ser expulso do Paraguai em 1989, Stroessner morreu em 2006 e está enterrado no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (DF)

Não é estranho que um presidente, eleito fazendo apologia a torturadores, como o coronel Brilhante Ustra, agora, publicamente elogie, o ditador e amigo de nazistas, Alfredo Stroessner.

No mais é torcer que fique só nisso, vá que um desses ministros, saudosos de rituais cívicos, como o ministro da educação, tenha a ideia de propor uma estátua ao “estadista paraguaio” em terras brasileiras.

 

Com informações: Poder 360, Brasil de Fato e Folha de São Paulo

 

 

 

 

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